Domingo, 28 de setembro de 2003,
00h46
Muçulmanos no Canadá enfrentam perseguição
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EFE
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Grupos de defesa dos Direitos Humanos
denunciaram ontem a perseguição sofrida por árabes e muçulmanos no Canadá
desde o 11 de Setembro de 2001, com a expulsão em massa de refugiados e
detenções arbitrárias.
As ruas da cidade de Montreal foram hoje palco de um
protesto de centenas de ativistas de organizações sindicais e de defesa dos
refugiados para exigir do Governo canadense que atue e evite a deportação de
cerca de 100 palestinos.
Rabie Masri, da Coalizão Contra a Deportação de
Refugiados Palestinos, disse à EFE que 85% dos palestinos que estão pendentes
de expulsão procedem do Líbano, "onde viveram as últimas décadas sem
nacionalidade, sem acesso ao sistema sanitário, vivendo em campos de
refugiados provisórios".
"No Líbano, os palestinos dos campos de refugiados
não têm permissão para trabalhar em 78 profissões, basicamente qualquer uma
que exija um título universitário, e estão limitados a trabalhos
manuais", explicou Masri, ilustrando a extrema necessidade na qual se
encontram os refugiados palestinos.
"E os que chegam dos territórios ocupados da
Cisjordânia e de Gaza acrescentam a extrema violência que o exército
israelense impõe na população civil", acrescentou.
A maioria dos refugiados pendentes de expulsão é
formada por rapazes que chegaram no Canadá há três anos e não estão
relacionados aos grupos violentos que atuam no Oriente Médio.
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A Coalizão Contra a Deportação de Refugiados Palestinos
qualifica a atuação do Conselho de Imigração e Refugiados com os palestinos
como "insensível e desinformada" e, em certos casos, "claramente
tendenciosa". Esse conselho tem a missão de conceder ou rejeitar as
solicitações de residência no Canadá.
Masri citou como exemplo o caso de um dos refugiados
palestinos procedente do Líbano, "que teve a sorte de estudar engenharia
em outro país", e que durante a análise de seu caso viu como o juiz
questionava por que cursou a universidade se não podia exercer essa profissão
no país.
"O juiz o ridicularizou e acusou de mentiroso,
porque não considerava possível que tivesse estudado engenharia",
denunciou Masri.
"Desde o 11 de Setembro de 2001, as leis e a
situação mudaram no Canadá", afirmou Masri, comentando a expulsão nos
últimos meses de 300 a 400 paquistaneses e de mil argelinos.
Outro exemplo é o caso dos 21 paquistaneses detidos no
início de agosto e que foram acusados pelos serviços de inteligência
canadenses de fazer parte de células terroristas da rede Al Qaeda que
preparavam atentados similares aos do 11 de Setembro.
Pouco a pouco, os detidos estão sendo postos em
liberdade depois de passarem semanas na prisão e é cada vez mais evidente que
nenhum deles representa um risco para a segurança nacional.
Nove dos 21 paquistaneses foram postos em liberdade,
incluindo Anwar-Ur-Rehman Mohammed, que se encontrava no Canadá estudando
para ser piloto e foi acusado de planejar explodir seu avião contra a central
nuclear de Pickering, ao norte de Toronto.
Embora ainda não haja outras informações sobre os
outros presos, sabe-se que os únicos delitos cometidos, aparentemente, foram
violações nos seus vistos de entrada no país, ou o prolongamento de sua
estada.
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